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HARLLEY

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onerb: Qual a maior dificuldade que você enfrenta sendo um artista independente? HARLLEY: Ser um artista independente, vem com uma série de negatividades que nem partem de dentro de nós! Essa é a pior parte! As pessoas não reconhecem arte independente como trabalho e não estão dispostas a ajudar um artista, mas assim que o primeiro trabalho sai, crucificam e sempre opinam no que deve ser melhorado, isso gera MUITA insegurança, então, falando sobre realidade, ser um artista independente é como carregar uma mochila nas costas, lotada de chumbo. Por isso, é extremamente importante que todo mundo que trabalha com arte independente, esteja muito focado no que deseja fazer, e acredite muito no seu próprio talento, ignorando tudo de mal que as pessoas querem dizer. Os artistas são os primeiros a dar cara a tapa, seja com poesia, música, textos. Quando a gente acredita no nosso trabalho, pessoas incríveis surgem admirando o nosso trabalho, e são pra essas pessoas que a gente continua ...

Madame Satan

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onerb: Quando foi que você percebeu que gostava de escrever? E qual formato foi sua primeira escrita autoral? (Poesia, texto, letra de som) Madame Satan: Foi no fim do ensino fundamental, indo para o ensino médio, na época eu tive meu primeiro amor, um menino hétero, nada novo sobre o sol né?! E isso causou muito caos interno em mim e meu refúgio foi escrever. Na época era em formato de textos dramáticos, algo meio sombrio e profundo como se eu contasse tudo em metáforas para alguém. onerb: Como foi a reação da sua família ao se dizer LGBTTQ? Madame Satan: Eu sempre foi muito amigo da minha mãe e nunca fui alguém que disfarçava bem. Teve um dia que nós estávamos conversando sobre uns amigos meu e aleatoriamente ela perguntou  "vc é gay ?" e eu respondi que "sim!", deu um frio na barriga, o cu não passava uma agulha mas tudo deu certo, ela me fez algumas perguntas tipo como quem sabia ou se eu já tinha ficado com homens e falou que já imaginava que e...

Fernando Queiros

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onerb: Qual foi seu primeiro contato com a arte e qual sua principal inspiração artística? Fernando Queiros: Meu primeiro contato com a arte foi pequeno, minha mãe sempre dava um jeito de me presentear com lápis de cor e tinta! E isso fazia aflorar minha criatividade des dos 5 anos. Foi quando eu também despertei para o chocolate assistindo ‘a fantástica fábrica de chocolate’. Eu disse a seguinte frase: eu vou ter uma fábrica de chocolate! onerb: Você já pensou em desistir de tudo e se enquadrar no que esperam de você? Fernando: Sim, inclusive eu tenho passado por uma espécie de depressão profissional causada por mecanismos de desvalorização subliminares referente aos meus trampos! Os momentos mais difíceis foi ano passado, pois não sentia vontade de fazer e nem vender nada! Quando percebi comecei a me auto tratar com meditações de auto ajuda. Contei com terapias de uma amiga terapeuta holística além de outros métodos como chás de ervas detox, porém, graças a fonte ete...

Mc DELLACROIX

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onerb:  Quando você se entendeu/descobriu enquanto uma travesti?! DELLACROIX:  Porra, eu acho que esse lance de me descobrir enquanto travesti foi mais quando eu percebi que o feminino num corpo com pau incomoda, tá ligado? E ai eu comecei a observar como as pessoas me tratavam a partir da forma como eu me apresentava pra elas, isso com perspectiva na minha estética, na forma como eu quero ser tratada. E também a forma como eu era oprimida, principalmente nas quebradas das quais eu vim. Então foi meio que isso, aprender a lidar com tudo isso, me desconstruindo e construindo novas paradas em mim, a consciência da minha existência marginal por apenas ser corpo e ser como eu quero ser ou o que mais eu poderia ser além do que eu já era. É meio que, a identidade travesti pra mim é a minha busca constante pelo o que eu sou, pelo o que eu quero ser. E claro, todas essas experiências, vivências pertencente a um espaço que o feminino ocupa no meu corpo. E que eu quero e deixo a ...

Murillo Zyess

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onerb: O que te motiva a continuar mesmo com toda dificuldade de ser artista independente? Murillo Zyess: Muitas coisas, mas a maior motivação é ver as pessoas se identificando saca, com as letras, com a vivência. As pessoas virem falar comigo que minha música ajudou de alguma forma na vida dela, seja na própria aceitação, na forma de pensar. Isso é mágico! É uma injeção de ânimo. onerb: Quando você se entendeu como negro?  Murillo Zyess: Demorou, infelizmente demorou. A sociedade o tempo todo tenta te embranquecer e eu reconheço que sendo um negro de pele clara, tenho algumas facilidades. Mas em questão de cabelo, traços durante todo o período escolar eu fui ridicularizado por ter o nariz grande e largo, o cabelo crespo. E eu não entendia, porque por ter pele clara eu não me enxergava negro. Eu lembro que eu vivia de capuz, com chuva ou sol, eu tava de capuz na cabeça. Eu alisava o cabelo mas passava uma semana e a raiz já tava lá lutando pra aparecer e isso gerav...

Brendon Reis

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onerb: Quando você entendeu o que era ser negro no Brasil? Brendon Reis: Entre 2015 e 2016, com 18 anos. Nessa época eu estava namorando uma pessoa branca de classe média. Eu fui percebendo o que é ser negro no Brasil especialmente pelo tratamento deles comigo; se não fosse essa experiência, eu não teria me questionado, eu não teria chegado a uma conclusão com ajuda da internet e dos livros. Teve um dia que estava com a chave da casa dessa pessoa, ela estava viajando a trabalho e pediu para mim alimentar os dois cães, já que eu trabalhava ali perto. Só que nessa época eu também estudava, ou seja, meu dia era corrido. Nessa correria, após alimentar os cães pela manhã e no almoço, meu celular descarregou, desligou, e eu só consegui colocar ele na tomada pela noite. Quando liguei ele, havia dezenas de ligações dessa pessoa que eu me relacionava a mais de oito meses, havia um monte de mensagens desesperadas perguntando ‘onde eu estava’. Na hora eu liguei e disse que estava ali, que...

Guihgo

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onerb: Quando você percebeu que gostava de escrever e cantar? Guihgo: Desde os 12 anos eu já criava composições, mas foi com os 14 que comecei a fazer disso uma forma de me expressar efetivamente, cantava numa banda de Hard Core, onde fiquei por um ano compondo, ensaiando, e tocando esporadicamente em festivais de Rock. Com o tempo aquela coisa toda começava a degringolar pra uma linguagem diferente, e comecei a entender que o que eu fazia era maior do que a caixa onde eu tinha resolvido me colocar. Descobri a arte Drag , fiz shows por quase todos os estados do Brasil, ganhei concursos e levei o meu Drag pra um público de quase 13 mil pessoas , foi aí onde entendi que o palco era meu lugar, e cantar era parte disso.  onerb: Qual a parte mais difícil de fazer trampo independente? Guihgo: A parte mais difícil é ENTENDER, é entender que não se pode fazer nada sozinho (sobretudo quando se é uma pessoa extremamente complexa e independente). É entender que as vezes...