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Mostrando postagens de julho, 2018

Esmeralda: por que não dancei

Quando minha mãe ingressou na universidade por volta de 2013, o curso de Serviço Social nos abriu caminhos, digo ‘nos’ porque eu ajudava em maior parte dos trabalhos acadêmicos e acabava lendo os livros e os filmes que a grade do curso pedia. Entre “Estação Carandiru”(1999), “A tragédia de Eloá: uma sucessão de erros”(2008), me lembro bem de “Esmeralda: por que não dancei” (2000), esse livro mexeu muito comigo, eu nunca tinha visto um livro assim, pelo título pensei que fosse uma dessas histórias sobre alguma bailarina desapontada por não ter participado de um grande espetáculo, mas o ‘dancei’ na verdade se tratava daquela expressão ‘se dar mal’ e nas primeiras páginas já consegui ver cada cena que Esmeralda contava e imaginava o motivo dela não ter dançado. A menina que foi estuprada pelo padrasto durante boa parte da infância e maltratada pela mãe, decide fugir de casa aos 8 anos e nós leitores já podemos imaginar o fim né? Esmolas, roubos, crack, crime, fugas da antiga Febem, esta

André Lima (Coletivo I AM)

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onerb: Qual processo pra você foi mais complicado se ver um corpo negro ou um corpo LGBTQIA+?  André Lima (Coletivo I AM): Minha maior dificuldade foi comigo mesmo em questão de se reconhecer como um homem negro, por ser um negro de pele clara, o “pardo” ou  “mestiço”,  que são formas de reconhecimento geral pelas pessoas simplesmente por você  ter uma pele negra clara, quando era mais novo  eu nunca sabia o que colocar em documentos e testes, se era, branco, pardo ou negro, e quando eu perguntava para alguém respondiam “pardo”, com o tempo e conhecimento até mesmo pessoal e familiar fui me identificar como negro, como muitos outros negros de pele clara. Mais ainda assim em questão de trabalho é sempre visível o preconceito por ser um homem negro gay. Em parte por ser homossexual minha maior dificuldade foi da tal “aceitação da sociedade”, por ser uma pessoa totalmente reservada eu levava muito em consideração a aceitação dos outos e ficava pensando “será que é certo eu mostr

A estética da favela causa incômodo até demais

Começo esse texto dizendo que não sou especializada em moda, eu mal conheço a definição exata do termo mas o que vamos falar tem e não tem a ver com moda ao mesmo tempo. A questão é que a representatividade apesar de muito ampla é também muito individual, aprendi com o Coletivo Abebé em uma palestra na Redbull Station que também devemos ser protagonistas da representatividade que tanto queremos, a revolução estética tem sido muito presente dentro dos movimentos sociais, feministas, dentro do próprio movimento negro mas apesar de tudo isso as pessoas não se sentem contempladas por nenhum daqueles discursos, corpos e estilos. Eu penso diretamente na população jovem periférica com um recorte ainda maior, a população funkeira mesmo, todos os dias na vida, eles saem com seus cortes "chaves", calças de tactel, seguido de camisetas de time ou de grifes conhecidas pelas quebradas, os tênis sempre específicos, mizuno, puma disk, spring blade, nike shox, 12 molas e não estou estere