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Marina Cruz (Coletivo I’AM)

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onerb: Qual o intuito do coletivo I’AM? E quando começou? Marina Cruz (Coletivo I’AM): O intuito do coletivo é principalmente valorizar a beleza que cada minoria possui, a beleza que por tanto tempo disseram que não existia em nós. No início era voltado apenas para a beleza negra, até que percebemos que poderíamos expandir isso, até porque nós negros não somos a única minoria, portanto pretendemos nesse ano de 2018 incluir mais diversidade.  A I am começou no início de 2017, depois que o coletivo surgiu nós finalmente pudemos colocar nossas vontades, desejos e pensamentos em editoriais, como dizem por aí uma imagem fala mais que 1000 palavras. Então usamos desse poder da imagem para enfim mostrar o nosso poder. onerb: O que mais te desmotiva enquanto produtora independente?! Marina Cruz (Coletivo I’AM): Com certeza é a falta de grana, o famoso dinheiro é aquilo que sempre complica, sem dinheiro consequentemente não temos estúdio, não temos modelos, não temo...

Enme

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onerb: Qual a importância da sua arte pra você? Enme: Eu sempre busquei algo que me identificasse e levei tempo pra achar representações significativas. Buscava muito a cultura de fora, sendo uma criança de favela o acesso ao mundo era um tanto complicado. Então eu resolvi ser minha própria representação, eu resolvi fazer algo que representasse aquilo que eu queria ver, ouvir e consumir desde criança. Pelo visto eu não estava só, existiam outras crianças iguais a mim e eu acabei atendendo o desejo delas com minha arte. Assim elas me escolheram para representá-las também, talvez seja por isso que estou aqui dando essa entrevista. Por causa de pessoas como eu que desejam  uma persona assim para se ver nos meios de destaque. onerb: Quais os melhores momentos que sua arte te proporcionou? Enme: Aiiiii são tantos! Conhecer artistas incríveis como Rico Dalasam , Karol Conka , Gloria Groove , Mc Carol , Lia Clark , Pabllo Vittar , Iza . Nomes que importam muito pra m...

HARLLEY

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onerb: Qual a maior dificuldade que você enfrenta sendo um artista independente? HARLLEY: Ser um artista independente, vem com uma série de negatividades que nem partem de dentro de nós! Essa é a pior parte! As pessoas não reconhecem arte independente como trabalho e não estão dispostas a ajudar um artista, mas assim que o primeiro trabalho sai, crucificam e sempre opinam no que deve ser melhorado, isso gera MUITA insegurança, então, falando sobre realidade, ser um artista independente é como carregar uma mochila nas costas, lotada de chumbo. Por isso, é extremamente importante que todo mundo que trabalha com arte independente, esteja muito focado no que deseja fazer, e acredite muito no seu próprio talento, ignorando tudo de mal que as pessoas querem dizer. Os artistas são os primeiros a dar cara a tapa, seja com poesia, música, textos. Quando a gente acredita no nosso trabalho, pessoas incríveis surgem admirando o nosso trabalho, e são pra essas pessoas que a gente continua ...

Madame Satan

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onerb: Quando foi que você percebeu que gostava de escrever? E qual formato foi sua primeira escrita autoral? (Poesia, texto, letra de som) Madame Satan: Foi no fim do ensino fundamental, indo para o ensino médio, na época eu tive meu primeiro amor, um menino hétero, nada novo sobre o sol né?! E isso causou muito caos interno em mim e meu refúgio foi escrever. Na época era em formato de textos dramáticos, algo meio sombrio e profundo como se eu contasse tudo em metáforas para alguém. onerb: Como foi a reação da sua família ao se dizer LGBTTQ? Madame Satan: Eu sempre foi muito amigo da minha mãe e nunca fui alguém que disfarçava bem. Teve um dia que nós estávamos conversando sobre uns amigos meu e aleatoriamente ela perguntou  "vc é gay ?" e eu respondi que "sim!", deu um frio na barriga, o cu não passava uma agulha mas tudo deu certo, ela me fez algumas perguntas tipo como quem sabia ou se eu já tinha ficado com homens e falou que já imaginava que e...

Fernando Queiros

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onerb: Qual foi seu primeiro contato com a arte e qual sua principal inspiração artística? Fernando Queiros: Meu primeiro contato com a arte foi pequeno, minha mãe sempre dava um jeito de me presentear com lápis de cor e tinta! E isso fazia aflorar minha criatividade des dos 5 anos. Foi quando eu também despertei para o chocolate assistindo ‘a fantástica fábrica de chocolate’. Eu disse a seguinte frase: eu vou ter uma fábrica de chocolate! onerb: Você já pensou em desistir de tudo e se enquadrar no que esperam de você? Fernando: Sim, inclusive eu tenho passado por uma espécie de depressão profissional causada por mecanismos de desvalorização subliminares referente aos meus trampos! Os momentos mais difíceis foi ano passado, pois não sentia vontade de fazer e nem vender nada! Quando percebi comecei a me auto tratar com meditações de auto ajuda. Contei com terapias de uma amiga terapeuta holística além de outros métodos como chás de ervas detox, porém, graças a fonte ete...

Mc DELLACROIX

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onerb:  Quando você se entendeu/descobriu enquanto uma travesti?! DELLACROIX:  Porra, eu acho que esse lance de me descobrir enquanto travesti foi mais quando eu percebi que o feminino num corpo com pau incomoda, tá ligado? E ai eu comecei a observar como as pessoas me tratavam a partir da forma como eu me apresentava pra elas, isso com perspectiva na minha estética, na forma como eu quero ser tratada. E também a forma como eu era oprimida, principalmente nas quebradas das quais eu vim. Então foi meio que isso, aprender a lidar com tudo isso, me desconstruindo e construindo novas paradas em mim, a consciência da minha existência marginal por apenas ser corpo e ser como eu quero ser ou o que mais eu poderia ser além do que eu já era. É meio que, a identidade travesti pra mim é a minha busca constante pelo o que eu sou, pelo o que eu quero ser. E claro, todas essas experiências, vivências pertencente a um espaço que o feminino ocupa no meu corpo. E que eu quero e deixo a ...

Murillo Zyess

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onerb: O que te motiva a continuar mesmo com toda dificuldade de ser artista independente? Murillo Zyess: Muitas coisas, mas a maior motivação é ver as pessoas se identificando saca, com as letras, com a vivência. As pessoas virem falar comigo que minha música ajudou de alguma forma na vida dela, seja na própria aceitação, na forma de pensar. Isso é mágico! É uma injeção de ânimo. onerb: Quando você se entendeu como negro?  Murillo Zyess: Demorou, infelizmente demorou. A sociedade o tempo todo tenta te embranquecer e eu reconheço que sendo um negro de pele clara, tenho algumas facilidades. Mas em questão de cabelo, traços durante todo o período escolar eu fui ridicularizado por ter o nariz grande e largo, o cabelo crespo. E eu não entendia, porque por ter pele clara eu não me enxergava negro. Eu lembro que eu vivia de capuz, com chuva ou sol, eu tava de capuz na cabeça. Eu alisava o cabelo mas passava uma semana e a raiz já tava lá lutando pra aparecer e isso gerav...