Felipe Lynn


onerb: A ideia de ter a própria marca sempre existiu ou foi algo construído com seus estudos?

Felipe Lynn: Não existiu desde sempre, mas desde que me comecei a questionar (ou ser questionado) sobre meu futuro profissional eu já pensava em ter o meu próprio negócio. Os estudos servirão para direcionar o caminho que eu tomarei partindo desse ponto.

onerb: Em que momento você entendeu o que era ser um corpo preto e LGBTQIA+?

Felipe: Entendi meu corpo quando vivi o racismo e a homofobia. Ali percebi que a minha existência carregava uma problemática que demorei para desassociar com o sentimento de culpa, então durante muito tempo eu fugia de mim mesmo, e quando, por algum momento eu me sentia um pouco mais confortável a ser quem eu era, eu era lembrado do que era ser um corpo não-branco e LGBTQIA+.

onerb: Qual o processo para você enquanto estilista é o mais difícil?

Felipe: O processo mais difícil é você materializar um conceito que transmita algum sentimento ou sensação para além de você mesmo que sabe o porquê de cada traço daquele material.

onerb: Quais as suas inspirações no meio da moda e no espaço artístico, em geral?

Felipe: Eu sou uma pessoa muito observadora, a maior parte do tempo estou observando comportamentos e atitudes do cotidiano dos lugares em que transito. Isso é muito inspirador pra mim. Também me identifico bastante com os meus amigos, então considero eles minhas maiores referências.

onerb: Qual a recepção da sua família referente ao seu trabalho?

Felipe: Sou muito privilegiado por ter tido o apoio da minha família na maioria das minhas questões e condições pessoais. Nunca me faltou apoio da parte deles.

onerb: Como você enxerga a produção independente e como você acredita que o público enxerga esse espaço?

Felipe: Enxergo a produção independente como um grande âmbito de potência criativa, flexível e sustentável. Infelizmente ainda é um tipo de trabalho muito desvalorizado pelo costume e a praticidade dos âmbitos de departamento; onde muitas vezes o processo para o produto final é velado e de certa forma para que o ‘preço baixo’ chame mais atenção do que toda exploração envolvida com costureiros, modelistas, etc.

onerb: Inspire corpos pretos LGBTQIA+ para que não desistam de seus sonhos e projetos.

Felipe: Precisamos sempre lembrar que estamos aqui para mostrar que existimos. Não só sobre o nosso próprio corpo, mas também sobre os outros infinitos corpos como os nossos que possam despertar um anseio e coragem para enfrentar a oposição e ocupar os espaços que quisermos. Estamos nos libertando desses espaços que nos colocaram e quebrando a porta desse ambiente para que não seja inserido nele mais dos nossos.

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