Precisamos se questionar mais sobre o que consumimos!


Para iniciar esse texto, eu preciso lembrar que toda reflexão se parte de alguma vivência, leitura ou conversas, as minhas vieram com papos e mais papos com um viado que sabe o que fala, a bonita se chama Janiel, (@srdecepcao nas redes) Janis para os íntimos, acompanhem ele nas redes, pois, ele sabe o que diz. 

Sabemos (eu acho que sabemos né? Ou deveríamos!) que toda empresa de grande porte que sabe o poder que os públicos pretos e LGBTQIA+ possuem irão tentar ganhar com isso, estamos na era em que falar sobre questões sociais dá uma imagem positiva para uma empresa, mas com isso traz certas negatividades, porém, empresas que levam consumo à moda, estética, arte e cultura pop geralmente, sabem que possuir um lado positivo para questões sociais é mais inteligente (lucrativo) do que não se posicionar. 
Devido ao crescimento da nossa possibilidade de fala e espaço para levarmos nossas pautas, graças à internet, grandes empresas começaram a entender que investir nesses públicos, era algo viável e rentável para elas e de certa forma para nós, e nós enquanto público, ficamos deslumbrados com isso, afinal, estamos tendo o espaço que merecemos na mídia, agora aparentemente, temos voz e hoje conseguimos dialogar com várias pessoas sobre várias narrativas, e é verdade, porém, é importante pensarmos o porquê desse espaço ser dado a nós e como tem sido dado a nós. Hoje temos uma quantidade maior de publicidades, filmes, séries que eles dizem ser sobre nós e muita das vezes é, porém, não dita por nós, não verdadeiramente, e ser dita por nós, não é simplesmente ter preto ou LGBTQIA+ na frente da tela, vai além disso. 
Empresas realizam publicidades para divulgar seus produtos e serviços e isso é normal e nunca se vimos nesses espaços, o que é verdade e por conta disso e com o acesso à internet, a informação, aos problemas sociais e o que isso causa, começamos a cobrar pela famosa representatividade, já até falei sobre em meu canal (Soul Preto), representatividade é, para quem ainda não sabe, escolher pessoas ou até grupos que representem você em algum espaço. E pedimos tanto por representatividade, por querer se ver, que as empresas que trabalham com conteúdos da cultura pop (músicas, filmes, séries e propagandas) nos deram, estão dando ou dizendo que estão nos dando esse espaço, e esse é o ponto a se pensar, qual é esse espaço que estamos ganhando? Sendo que todas essas produções em sua grande maioria são, como já dito, de grandes empresas que detém de grandes capitais e no momento de escolher a sua equipe para trabalhar com grupos minoritários, contrata um grupo de 10 pessoas onde 9 são brancas-cis e em sua maioria heterossexual. Do que realmente adianta termos um preto em sua propaganda, filme, gravadora, se toda a sua produção for criada, realizada e pensada por e para corpos brancos? Realmente é eficaz, termos pretos estreando cenas que dizem ser sobre nós, quando, na verdade, foram escritas por brancos? Acredito ser de grande importância, de primeiro ponto repensarmos sobre a questão da representatividade, entender realmente para quem ela importa, quem ela atinge, quem ela comove e em que ela faz mudança, e repensar tudo isso não quer dizer que devemos parar com o consumo desses serviços, não há problema em consumir esses serviços e produtos, desde que tenhamos sabedoria do interesse de quem está nos vendendo isso e quem no final sempre ganha com tudo isso. Representatividade é importante exatamente para quem? Para nós, que já entendemos de questões sociais e estamos cobrando na internet? Porque na real mesmo, do que adianta termos na tela um preto, se não temos ações que realmente conscientizem o povo sobre seus corpos e sobre o que é existir enquanto preto, o que quero dizer é que se formos parar para refletir, não adianta muito alguém na tela do celular, da televisão dizendo coisas positivas sobre ser preto e LGBTQIA+, e após desligarmos esses aparelhos toda nossa realidade em volta permanecer a mesma. Entendo que essas ações podem mudar o imaginário dos nossos, mas só isso não é o suficiente, empresas grandes podem mais que só focar na publicidade feita e criada por e para brancos, podem investir em projetos dos corpos pretos e LGBTQIA+ para além de apenas colocar esses corpos na frente da tela, e podemos buscar para além das grandes empresas por ações realmente reais para além da cultura pop e focando em nossas próprias produções, em trabalhos feitos por nós, pretos e LGBTQIA+. 
É importante pensarmos que a cultura pop num contexto geral dificilmente vai nos trazer produtos realmente validos para as nossas populações, saber disso é de extrema importância para entender qual a real intenção dessas grandes empresas, se é apenas lucrar (o que na maioria das vezes é o que acontece, afinal vivemos em uma sociedade capitalista) ou realmente buscar compreender as nossas necessidades enquanto corpos pretos e LGBTQIA+, particularmente vejo muito mais possibilidades em criamos nossas próprias formas de consumo, nossos espaços, onde tenhamos uma real imagem sobre nós e ainda assim seguir consumindo da cultura pop, sempre com um olhar mais critico e sem querer empurrar goela abaixo o conceito de representatividade que grandes marcas nos dizem dar, precisamos parar com a mania de colocar empresas em pedestais de mensagens sobre nós ou analisar com mais cuidado essas empresas que se propõem a dialogar com nossas vivências enquanto pessoas pretas e LGBTQIA+. 

Por: Breno Pereira. 

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