O primeiro de muitos ou o primeiro e último!


Bom, esse texto será o primeiro de uma coluna mensal, de um jovem de 21 anos sem formação acadêmica em jornalismo/comunicação mas que precisa falar de várias formas e agora será escrevendo também. 

Eu sinto varias coisas por ser produtor de conteúdo, duas delas é: dó e a outra é "você nunca será ninguém, bicha." (E o que é ser alguém?)

Eu comecei a produzir conteúdo para internet por volta de 2017 e fico pensando em como é difícil tudo isso, tanto que na real não sei como começar esse texto. Porque simplesmente a sensação que fica aqui, é que eu vou ser a bicha que não sabe esperar o momento certo e que nada acontece assim, da noite pro dia, e é verdade. Tudo é uma construção de varias coisas, construir um publico, um foco de conteúdo, uma identidade e talvez para as pessoas eu ainda não tenha nada disso, apesar de saber quais são os meus focos para a produção e até hoje continuam os mesmos, as mudanças que ocorreram foram apenas para melhorar aquilo que eu já acredito. 
O primeiro ponto que acredito que dificulte o meu trabalho é por ter um viés politico isso não agrada em um contexto geral, estou trabalhando aqui para uma bolha, publico especifico e isso dificulta para um caralho. Uma verdade aqui é podemos ouvir 15 bichas brancas falando sobre como a homofobia os atinge, mas uma preta decide falar e já não se precisar ouvir outras bichas pretas sobre suas realidades, pois ouço uma outra com mais espaço e isso me basta, essa é a nossa visão, contem nos dedos as bichas pretas que vocês acompanham que levantem questionamentos reais, não passa de 10.
O segundo ponto é que, por mais que alguns grupos me vejam como algo dentro da norma e em alguns pontos, eu concordo até, eu sou uma bicha afeminada, sem likes, nada de ativo por aqui (não é sobre sexo), nada que possa ser visto como belo, esse ponto é um dos mais importantes pra mim, porque esse atinge todos, a gente não esta tão interessado em te ouvir, porque você já não é famoso, já não tem corpão, não é o ápice do preto que performa normatividade (talvez para alguns eu seja normativo, não sei), não se "coloca em uma posição" de ser sexualizado o tempo todo e sei lá, isso gera bloqueios nas pessoas. A questão de se "colocar em posição" é simplesmente sobre exercer sua liberdade com seu corpo e as pessoas sempre só verem isso de você, ta ligado? E isso, acaba te dando algum acesso maior, porque a sociedade vê a gente assim, não é culpa nossa, mas ela nos vê desse jeito e quando damos isso a ela, ela (sociedade) entende que somos só isso, ou 90% isso (um corpo gostoso).
O terceiro ponto é a junção de tudo isso, com o fator, falar de, ninguém quer falar do Breno, como produtor, porque ninguém sabe quem é o Breno, mas podemos falar de outro, uma questão de encaixe na sociedade, tipo: é muito mais legal falar sobre a Vogue do que falar sobre um blog que ninguém conhece, sabe aquela coisa de 'preciso me encaixar'. 
Percebo que nós nos construímos dessa forma quando temos algo novo sendo apresentado, temos meio que um bloqueio de aceitação, de respeito e empatia por aquele trabalho e essa ideia acontece com qualquer produção de conteúdo, seja artística ou não e é obvio que a produção artística tem um espaço de aceitação, por nós, muito maior, mas ainda assim enfrenta essa mesma negatividade do público, que é, com muito dificuldade, o nosso maior amigo, nessa caminhada em produzir conteúdo de forma independente. 
É disso que a produção de conteúdo precisa, daquilo que esquecemos de dar, de respeito ao trabalho, respeito ao esforço, ao caminho percorrido, os primeiros trabalhos da galera preta sem grana e com acesso ao básico, mesmo com esforços dificilmente vai sair com a qualidade de um artista já qualificado e que entenda do mercado, e é claro que, você não é obrigado a consumir qualquer ou todo trabalho realizado por pessoas pretas, mas é necessário que analise toda produção com respeito, falta isso em nós, a gente não respeita esses inícios, não respeita essas histórias e por vários motivos, seja a falta de qualidade, seguindo a sua opinião pessoal/profissional, seja a falta de apreço pela pessoa etc. Concluo esse texto sem a conclusão de nada, porque atualmente minhas reflexões me geram várias coisas menos respostas finais e me questionou sempre onde nós, queremos chegar?

Um salve a todos(as) os(as) produtores(as) pretos(as) de conteúdo e arte do Brasil!


Por: Breno Pereira

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