Siamese


onerb: Trabalhar no meio artístico sendo um preto LGBTTQ para você é? 

Siamese: É essencial, nos deparamos em uma sociedade cada vez mais se encaminhando ao retrocesso. Me posicionar quanto preto e  LGBTI hoje é fundamental para que outras manas se identifiquem e se sintam livres pra serem quem elas desejam. Não é fácil esse posicionamento no meio da música porque vejo minha arte como ferramenta política e de empoderamento, não faço só pelo entretenimento, e geralmente as pessoas estão acostumadas a escutar coisas genéricas e de pura curtição, sem grande peso nas letras.

onerb: Ao entregar um trabalho você sente que recebe do público o que esperava? 

Siamese: Quando entrego uma música claro que quero que ela seja ouvida pelo maior número de pessoas, mas eu não me apego a quantidade ou a velocidade que ela vai atingindo o público. Não tem como prever a reação do público isso é muito subjetivo, cada pessoa vai receber o som de uma maneira. Mas nesse 1 ano de lançamento do meu trabalho tenho ficado bem feliz ao ver como meu som tem contribuído na vida de quem se identifica. Saber que seu trabalho de alguma maneira ajudou o dia ou a vida de um ser é o que realmente importa.

onerb: Qual processo de aceitação para você foi mais demorado, se ver e se aceitar uma pessoa LGBTTQ ou uma pessoa negra?

Siamese: Os dois foram bem difíceis pra mim. Quando pequeno não me aceitava preto, por conta do bullying na escola, as crianças podem ser bem maldosas, mas isso é reflexo dos pais e da sociedade que é racista. Mas me aceitar LGBTI foi mais difícil, venho de uma criação católica meus pais são muito ligados à movimentos da igreja, cresci dentro da igreja literalmente, meus primeiros passos quanto artista começaram na igreja. A aceitação é difícil porque você não quer se enxergar gay, apesar de saber que você é, ser preto e gay então é potencializar o preconceito. Fui me aceitar realmente depois que sai da casa dos meus pais e comecei a me conhecer de verdade e me perceber quanto indivíduo. Conhecer meus reais amigos me ajudou muito em perceber que sou uma pessoa normal, ser LGBTI é ser uma pessoa normal que deve ser respeitada e receber amor acima de qualquer diferença.

onerb: Quais as suas inspirações no meio artístico em geral e qual dessas você gostaria de uma colaboração? 

Siamese: Nossa eu tenho várias inspirações nacionais e internacionais, difícil vbbfalar de todas. Aqui do Brasil me inspira muito Karol Conká, Glória Groove, Rincon Sapiência e os meninos do Quebrada Queer, seria incrível poder colaborar com eles me identifico muito com o trabalho deles. Internacionalmente minhas referências são Beyoncé pela forma de performar seus shows, Rihanna pela carreira que ela construiu me inspira, Azealia Banks e Zebra Katz, o flow deles é incrível. 

onerb: Qual música sua é sua favorita, e conta um pouco a história da letra. 

Siamese: Não tem como escolher uma música preferida, cada uma mostra um lado da minha personalidade e vivência, é como um pedaço da minha história cantado. 


onerb: Qual a visão que sua família tem em seus trampos?

Siamese: Meus pais são maravilhosos, os melhores pais do mundo, me apoiam demais nessa minha jornada. Eles são meus fãs incondicionais compartilhando e comentando tudo que eu faço, e isso não tem preço. Antes de lançar meu trabalho autoral tinha medo deles não aceitarem por trazer um lado meu que eles não conheciam, mas ver que eles abraçaram de uma maneira tão cheia de afeto me trouxe uma felicidade gigantesca, é como se eles estivessem conhecendo realmente quem sou e me amando ainda mais. 


onerb: Para encerrar a entrevista e inspirar as pessoas que te acompanham e seus semelhantes, mande uma mensagem que motive pretos(as) LGBTTQ, a acreditarem em si. 

Siamese: Nunca deixem te silenciar, se ame e faça o que te faz feliz. Ser preto é lindo, ser LGBTI é maravilhoso. Seja sua própria felicidade e se ame antes de tudo e não tenha medo de se descobrir.

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