Não se esqueçam de Marco Aurélio Silva da Rosa

Talvez você não a conheça por esse nome, mas você sabe quem é. Filha de Maria Alice da Silva, de 73 anos e muito a frente do seu tempo. Nascida em São Paulo, mas conhecida nacionalmente através do funk carioca, participou dos principais programas de entretenimento da televisão brasileira e teve um hit estourado nas rádios em 2003.
Preta, favelada e travesti massacrada pela transfobia dentro de casa durante sua infância e adolescência e pelo mundo desde o dia que nasceu até o dia do seu óbito, fora dos palcos à mãe afirma que ela era diferente, triste e solitária.

Em fevereiro de 2003 no auge do seu sucesso sua aparição no programa Domingo Legal rendeu 20 pontos de audiência, mesmo tão reconhecida, ainda foi chamada no masculino pelos principais meios de comunicação na época de seu óbito em 2011.

Marco Aurélio era Lacraia, era ela, era dançarina de funk, MC, DJ e travesti. 

Em 2018 tivemos Matheusa, sua matéria no fantástico ia bem, sentada na sala com minha vó assistia as definições cheia de apetrechos visuais sobre as diferenças entre transsexual, transgênero, pessoas binárias e não binárias, mas no segundo bloco a chamavam o tempo todo de ‘o’, até tentando ajudar e dar visibilidade há algo a mídia é transfóbica.

Temos artistas deslegitimadas pela mídia o tempo todo, deslegitimadas muitas vezes dentro da própria comunidade, pela primeira vez a parada LGBT incluiu o intersexo em suas siglas, esse ano o tema é “Poder pra LGBTI+” em 2018, entende?

Rompendo barreiras dentro do funk, da televisão e das rádios, Lacraia trouxe representatividade com suas roupas rosas e seu corpo magro a um público ignorado pela mídia. Não se esqueçam de Lacraia, o jornalismo e a identidade de gênero do público LGBTI+ afetam a população como um todo, a mídia é o quarto poder que temos (e não falo da forma positiva como muitos acham).

Diversos sites oscilam entre 'a' e 'o' nos casos de Lacraia e Matheusa mostrando o quão ignorada e indiferente é por completo a identidade de gênero na imprensa, mesmo sendo um veículo independente ainda somos resistência, o onerb ainda resiste sendo alimentado semanalmente por duas pessoas negras defendendo pautas das quais acreditamos porque ainda que não tenhamos a visibilidade que desejamos, sabemos a importância e ir contra da mídia hegemônica. 

Somos o que somos.

Ainda atemporal, Lacraia, vive.


Por: Amanda Porto

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