Alice Guél


onerb: Qual a parte mais complicada em produzir arte?

Alice Guél: Tipo, eu sou travesti, preta e do interior e é bem complicado, porque realidades como a minha são excluídas dos espaços (quando se tem), onde possamos ter contato e viver a arte. Eu tive a oportunidade a me expressar desde pequena graças a minha mãe que procurava sempre me colocar em coisas que eu pudesse me distrair, fiz algumas danças e teatro. 
A arte não é acessível! Nós travestigeneras se quisermos produzir um conteúdo artístico vamos ter que lutar 70% a mais que as pessoas cisgeneras lutariam, demora pra galera ter credibilidade no seu trampo.

onerb: Qual a mensagem que você quer mostrar com seu trampo?

Alice Guél: Quero mostra o grito de resistência, falar as verdades não ditas sobre os corpos marginais. 


onerb: Você já pensou em desistir de levar sua mensagem?

Alice Guél: Em desistir total não. Confesso que muitas vezes sou bem pessimista com as coisas, mas nunca AUTO DESTRUTIVA. A minha fome por mudanças é muito maior, quero usar minha potência!


onerb: Sua família tem uma boa aceitação em você ser lgbttq?

Alice Guél: Confesso que no começo foi delicado, assumir minha transexualidade deu uma balançada em muitas relações e algumas outras terminaram. Agora estamos em outro momento, sinto uma abertura por parte de muitos pra falar e dizer como me sinto, como vivo e o que faço. Mas nem sempre foi assim...
Minha mãe e minha irmã Lola, tem papeis fundamentais na construção da mulher que eu me tornei hoje.


onerb: Quem são suas inspirações no meio artístico?

Alice Guél: Eu sinto que é um mix de muitas coisas as minhas referências. Sou apaixonada por performances, danças clássicas, musicais, fashion filmes. Mas musicalmente falando ouço demais Tulipa Ruiz, Cícero, Paula Cavalciuck, Linn da Quebrada, Danna Lisboa, Mc DELLACROIX, Sevdaliza, Bjork, Willow, FKA, SZA e etc. Mas minha principal referência é as coisas que acontecem (ou não) com nós, lgbts pretos e periféricos.

onerb: Qual sua música favorita do seu EP?!

Alice Guél: A minha ideia principal sempre foi fazer meu EP como se fosse uma única música, sem pausa, junto igual chicletes porque LIBRIANA sou não saberia escolher uma só hahahaha.
'meu templo' me faz chorar muito, mas talvez 'deus é travesti' seja minha preferida.


onerb: E chegamos ao fim de mais uma entrevista e a Alice vai deixar uma mensagem pra vocês que desejam começar algum trampo independente e tem aquele medo/receio. Se inspire e SE TORNE ÚNICO, ONERB.



Alice Guél: O trampo independente não depende apenas de uma pessoa.

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